quinta-feira, 5 de julho de 2007

quarta-feira, 13 de junho de 2007

ATITUDE FEMININA


A cada dia, o hip hop ganha mais notoriedade. O movimento cultural, que nasceu nos Estados Unidos e ganhou as periferias do Brasil na década de 1980, tem resgatado muitos jovens das drogas e do crime. O poder social do “estilo que ninguém segura” também alcançou as mulheres. No Distrito Federal, elas já conquistaram espaço nos quatro elementos do hip-hop: rap (canto falado, formado por rimas), break (dança com manobras robóticas), graffite (desenhos feitos em muros e viadutos) e DJ (elemento de criação das bases sonoras e rítmicas). Mesmo com o preconceito, mulheres do Atitude Feminina lutam para ter destaque
Em 2005, o grupo Atitude Feminina ganhou o prêmio Hútuz, a mais importante premiação do hip hop nacional. Com a música “Rosas”, que batiza o primeiro disco, as meninas levantaram a taça na categoria Demo Feminina. O CD, produzido pelo DJ Raffa da produtora independente Atitude Fonográfica, traz 14 faixas que retratam o cotidiano vivido nas periferias, mas sob um olhar feminino, esquecido pelos rappers.
Mesmo com o reconhecimento do público do Distrito Federal, o Atitude Feminina ainda não pode viver do rap como sonha. O grupo foi formado, em 2000, por quatro amigas - Giza Black, 21, Hellen, 20, Jane Veneno, 20 e Aninha, 24 - que se conheceram em São Sebastião, periferia do DF. Em comum, as dificuldades e a violência vividas na cidade onde cresceram.
Fora dos shows, o Atitude Feminina faz, ainda, palestras e participa de fóruns sobre violência contra a mulher. Aninha, por exemplo, trabalha com o marido em um projeto social na periferia de Boa Vista (RR). “Fico feliz em saber que o nosso trabalho está salvando vidas. Espero que essa transição política não atrapalhe o andamento do projeto. A galera já está mandando E-mail para saber que dia a gente vai voltar à cidade”, fala Aninha.

Nas telas do cinema – A realidade das mulheres do hip-hop ganhou as telas do cinema. “Antônia”, dirigido pela cineasta Tata Amaral estreou na 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em outubro. O longa mostra a trajetória de um grupo de rap formado apenas por mulheres. No elenco, Negra Li, Quelynah, Leilah Moreno e Cindy. Uma continuação da história virou minissérie e estreou na TV Globo em novembro.

Trecho de "Rosas": "Aquele mostro que um dia prometeu me amar/ Parecia incontrolável, eu não pude evitar/ Talvez se eu tivesse o denunciado/ Talvez se eu tivesse o deixado de lado/ Agora é tarde, na cama do hospital/ hemorragia interna, o meu estado era mal".

Confira os vencedores de todas as categorias do Prêmio Hútuz 2005
Conheça a história de outras mulheres que tentam sobreviver no Hip-Hop

Leia outros textos de Masoli e S. Cobra